9 de novembro de 2009

Par perfeito

A primeira crônica do blog!!!!
^^


Mais cedo ou mais tarde, conversa de gente solteira dá na pergunta: e tem alguém perfeito???

A relativa aparência de felicidade plena e completa dos casaizinhos por aí acabam fazendo a gente esquecer dos pequenos altos e baixos de qualquer relação. Porque não adianta. Não dá pra sorrir 365 dias por ano. Temos que contar sempre com as finais de Campeonato Estadual, aniversário de sogra e semana de TPM. Sim, haverão constrangimentos, e alguns desentendimentos que os casais mais educados chamarão de "discutir a relação", e os mais nervosinhos resumirão a agressão física e verbal pura e simples.
O fato é que a humanidade vive atrás da bendita perfeição. O cara com o sorriso perfeito, com o cabelo perfeito, os dentes no lugar, com o jeito atraente, que se vista bem, use aquele perfume que você adora, que tenha uma conversa bonitinha, que goste das coisas legais que você quer fazer, ou como diz uma amiga minha, "o cara que tenha a pegada"... Deixe-me ser grossa: Não vai achar, meu bem... Pelo menos não alguém que junte isso tudo aí. A matemática é clara. Já tem muito mais mulher que homem no mundo. Agora pare e pense: quantas mulheres bonitas você conhece? E quantos homens a-la Brad Pitt? É fato. A genética não é tão aleatória assim. Existem padrões que definitivamente não são herdados de forma randômica.

Acredito que o problema está na nossa concepção de perfeito. Ficamos procurando o padrão geral de perfeição, o que o mundo rotulou de bonitinho, ou ainda criamos nossa própria visão idealizada, e passamos a vida procurando por isso, como se andássemos na prateleira do supermercado procurando o produto que vimos no comercial da TV.

Não vim aqui defender que não existem pares perfeitos. Acredito que existam sim, e até conheço alguns para provar. O que venho defender é que perfeito não é o que cai no colo, é o que a gente constrói. Aos poucos. Pode ser uma coisa de um momento, ou alguma coisa de uma vida inteira. Perfeito é aquilo que nos faz bem, e a gente nem sabe porque. E começa a precisar daquilo como num vício, como num jogo. Perfeito não é porque não tem defeitos. Perfeito é porque é aquilo que a gente precisa. Precisa ali, naquele momento, naquela hora. Se for pro resto da vida a gente descobre depois.


O amor da sua vida não vai ser impecável. Nem você seria mais feliz com o galã da novela das nove.

O amor da sua vida vai ser algo complicado, atordoante, confuso, nada fácil, alguma coisa que te faça querer virar do avesso. Isso definitivamente não consta no dicionário como definição de perfeição. Mas é exatamente toda esta confusão que corresponde a melhor sensação que você pode ter na vida, e isso sim é perfeito. Você não encontra alguém igual a você e é feliz. Você encontra alguma coisa que encaixa com você, e é feliz. Não é pra ser igual. É pra ser complementar.

Tá bom, tem que aparar umas arestas quase sempre. E fica uns espaços sobrando, outros faltando. E isso assusta. A compatibilidade do incompatível amedronta de verdade. E muita gente boa não aguenta o tranco. E volta a procurar por aí o par perfeito que na verdade vai ser tão imperfeito quanto todos os outros.

A diferença é que tem alguém que chega bem perto do que é perfeito pra você. E vale a pena ter isso do seu lado, nem que seja por um dia, ou por uma vida.

3 comentários:

Anônimo disse...

Vale a pena? Tomara?

João Gilberto Saraiva disse...

Bom texto.

Retirado de experiência própria?
Dos olhos aguçados?
Dos dois?

Até mais doutora.

Klécia Melo disse...

1st response: Acho que fica melhor Tomara que valha a pena, com uma exclamação bem grande no fim!

2nd response: Thanks! A segunda pessoa que pergunta de onde eu tirei o textinho... Na verdade eu não sei! ^^ Tenho apenas uma pequena certeza: Às vezes me confundo com meu eu-lírico, então não sei bem qual de nós dois foi o autor. Ele, eu, os dois???
Ou como dizem: "Tem dias que a gente se pergunta, por que que não se junta tudo numa coisa só?"
Até mais doutor!