12 de dezembro de 2009

Nossa(bio)grafia

A gente era feliz, e nem precisávamos perceber isso. A gente ia devagar, devagarinho. Ficava olhando a cor do céu, ficava pintando estrela no chão.
Era a gente pendurado na janela aberta, fim de tarde, vento batendo do rosto. Não era não, sim era sim. Nem sabia o que era um talvez.
O passo da gente era miúdo, éramos pressa de coisa nenhuma.
Éramos demora. A gente se demorava em nós mesmos. Sem se importar demais E íamos vivendo nossos minutos de eternidade. O coração batendo no compasso da disritmia.
Até que um dia a gente errou a estrada, a gente perdeu o caminho. E foi se afastando devagarzinho, tão devagar como quando a gente chegou.
E a gente escreveu a última linha do livro numa tarde dessas aí, hoje perdida no tempo.
Nas entrelinhas nossos sorrisos, desbotados já, lembrando quem um dia foi feliz.

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