19 de dezembro de 2009

Abrindo as janelas

A casa estava fechada há muito tempo. Mas não estava abandonada. Na verdade estava bem limpa, e pintada, o telhado era novo e o jardim estava bem cuidado. Era o jardim com as tulipas mais lindas de toda a cidade, e as borboletas gostavam de passear por lá. Era uma casa relativamente nova, não era grande nem pequena, era do tamanho certo das necessidades da única moradora. Era uma contrução em tons de azul, um azul claro cor de céu, daquelas cores que lembram poesia.
Era uma casa nova, mas parecia uma casa daquelas clássicas do meio do século. Desde nova, ela era antiga. Parecia que queria preservar classicidades em meio ao futurismo dos novos arquitetos. Ela definitivamente contrastava com a casas vizinhas.
A fachada era grande e costumava causar uma sensação de amedrontamento. Muita gente não chegava perto da casa, por medo ou preguiça de descobrir. Havia duas grandes janelas que viviam fechadas. Um desperdício, não havia como ver o lado de dentro. E o lado de dentro era bem bonito na verdade.
Mas um dia, pra surpresa de todos, a dona da casa abriu a janela. E a cidade toda parou pra ver. Todo mundo tentou espiar o que havia dentro da casa, qual o segredo tão bem guardado.
Depois de tanto tempo, as janelas foram escancaradas e a luz do sol entrou pela casa, tomando conta de cada canto, de cada brecha.
E todos viram quando ela abriu a porta da casa, e quando aquele moço entrou. Subiu as escadas devagarinho, como quem desconhece o caminho. Era uma tarde de finzinho de ano, o sol mais forte, os dias mais quentes, mais longos. E eles sentaram na sala, e conversaram como se se conhecessem desde sempre.
E ele passou a visitá-la todos os dias, na hora que a noite engole o dia.
E desde então, todos começaram a notar que a casa estava cada vez mais bonita, que a dona estava mais feliz também, por não estar mais sozinha.
E a janela não ficava mais fechada, e a porta estava sempre entreaberta no fim da tarde, esperando pela melhor hora do dia.
A hora em que a gente pode ser feliz sem se importar com as outras janelas.


"I'll tell you one thing, it's always better when we're together..."

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