4 de outubro de 2009

Apresentação

Chegou a hora de mostrá-la ao mundo.

Seu nome?

Amélie.

É um nome doce. Doce como ela.

Ela é uma menina ainda. Pelo menos parece uma menina. Mas não sei quantos anos ela já viveu. Sei que tem muitas histórias para contar. E suas histórias são sempre boas de se ouvir.

Amélie quer dizer cúmplice. E é bem o que ela é de mim. Amélie sabe bem mais de mim do que eu mesma.

Alguns dizem que Amélie é meu eu-lírico. Outros dizem que é minha amiga imaginária.
Outros tantos dizem que é meu sintoma mais clássico de esquizofrenia.

Eu não sei quem é Amélie. Não sei de onde veio, nem como chegou aqui.
Não sei quanto tempo vai demorar. Sei que ela gosta de chegar nos fins de tarde, ou nas manhãs bem cedo. E me canta canções. E pinta quadros. E são sempre paisagens, lugares que nunca vi. Parece que Amélie já viu o mundo.

Ela me dita poemas, e muitos deles eu copio aqui. Ela me sussura histórias engraçadas. É bom ouvir Amélie falar sobre qualquer coisa. Porque ela sabe das coisas.
Amélie tem uns olhos que mexem com a gente também. Gosto dos olhos de Amélie. Olhos de olhar a alma. Não consigo me esconder dos olhos de Amélie.
Amélie me faz companhia, e me aconselha. É como se ela soubesse de tudo no mundo. Mas ela não me conta tudo. Ela me mostra os segredos do mundo devagarinho.
Vou descobrindo aos poucos o que ela sempre soube.

Talvez Amélie seja o que eu gostaria de ser.

Por que ela tem tanto de mim, eu não sei.
Ela tem muito do que eu quero vir a ser também.

Ela se me mostra todos os dias. E começo meu dia com um sorriso e um bom dia. Que seja doce, ela me fala. Eu repito: Que seja doce o dia todo, todos os dias...

Esqueci de um detalhe importante: Amélie é francesa, assim como seu nome. Porque a parte mais doce de mim tinha mesmo que ser francesa.

Amélie talvez seja mesmo apenas parte de mim... Delírio do meu cérebro... Ausência de realidade.

Talvez...

Mas por mais delírio que possa ser, sei que é a voz dela que estou ouvindo agora, sonora e aguda, me ditando suavemente a mensagem do dia.

C'est doux, c'est beau. Bonjour.

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