25 de julho de 2009

Tua

Chamaste-me de TUA.
Eu ia tão desapercebida da vida, e essa palavra tão curta veio me trazer de volta à realidade.

Deste-me como propriedade, eu que sempre defendi minha liberdade.
Eu que sempre vivi bem sozinha. Que sempre fiz questão de não precisar de mais ninguém.
Eu, tão independente, tão voluntariosa, tão circunscrita, controlada...
Tão confiante de mim mesma...
Agora reduzida a um pronome possessivo. Posse de outrem.
Revoltou-me a idéia de não pertencer a mim mesma. Ser de alguém acarreta diversas consequências que fogem ao nosso controle, e você sabe como gosto de ter o controle.
Ser de alguém é deixar de ser em mim... Render-me. Abandonar-me.
O desconhecido, o inavegado, o novo... me amedronta.
Nasci para pisar a terra firme, e manter meus pés em coordenadas marcadas. Nunca fui de me deixar levar...
Nunca fui de me render...
Nunca fui de me entregar.
Nunca caminhei em direção ao não sei o quê.
Prefiro a doce e satisfatória ilusão de pensar que sei onde caminho do que o desengano da incerteza completa. Sweet little lies.

No entanto, qual não foi minha surpresa quando,

ao me deparar com você a me olhar sorrindo,
ao ver o quanto eu já tinha caminhado com teus pés,
ao ouvir esse pronome pronunciado por teus lábios,

percebi onde eu quis estar desde sempre:
Em qualquer lugar onde eu seja TUA.

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