25 de julho de 2011

tocaia

Não é justo que, até aqui, venham me roubar o direito de ser e dizer. Aqui, que sempre foi meu refúgio, meu paraíso e meu inferno, onde todas as histórias e contos e sonhos e pesadelos se desenhavam, criavam vida, pululavam no meu colo e na minha mente e daí para o papel e de volta para a garganta para fins de ruminação mais intensa e exaustiva; aqui que era o meu pilar de sustentação e de equilíbrio... Agora aqui não passa de um campo de concentração nazista vigiado 24h, onde supostamente eu acreditava ter o livre direito de dizer e pensar, mas a que preço?
Ao preço de me ver descoberta, lida, esquadrinhada, dessecada como um sapo.
Me peguei apagando escritos com medo de quem os poderia ler.

O pior é descobrir que não me roubaram nada, eu que entreguei tudo que tinha.

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