Sai sabendo bem pra onde ir. Resolvi subir na pedra mais alta. Ideia minha mesmo. A pedra alta lá, me chamando todo dia. O que dá pra ver de cima da pedra mais alta?
Não levei mala, não. Não porque achasse que não ia precisar de nada. Apenas não sabia do que eu poderia precisar. Então levei apenas o que dava pra carregar por dentro mesmo.
Levei a fé. A minha fé bem grande. A fé que tenho em mim mesma e naquilo que vale a pena. A fé que tenho na vida. A fé que tenho em Deus. Levei amor pra subir na pedra mais alta. E umas músicas boas pra ir cantando no caminho. As músicas que tocam por dentro da gente.
Botei punhados de esperança no bolso. Alguma coisa me dizia que ia precisar cedo ou tarde. E levei sorriso, e esse foi fácil de carregar, de tão levinho que era. Levei muito. Juntei então tudo e fui subir a pedra mais alta.
Queria ver o que se via de cima da pedra mais alta.
E foi difício subir na pedra mais alta.
Não existe caminho que termine em cima da pedra mais alta.
Tive que fazer meu caminho até o topo da pedra mais alta.
Às vezes eu ia só. Às vezes o só era acompanhado. Tinha vezes que eu cansava, e aí sentava, e esperava o cansaço ir embora. Tinha vezes que caia, tinha vezes que eu gritava, e não foram poucas as vezes que eu chorei. Não foram poucas as vezes que eu chorei.
Mas cheguei.
Vi o mundo tão pequenininho de cima da pedra mais alta. Tudo parecia tão longe de cima da pedra mais alta. E os sonhos ficaram tão bonitos de cima da pedra mais alta, e o céu tão perto, e o mar tão grande, que resolvi me jogar de cima da pedra mais alta. Eu quis mergulhar de cima da pedra mais alta.
Eu conhecia os riscos de me jogar. Conhecia os medos, eu nem sabia nadar. Eu podia bater a cabeça no fundo do mar por me jogar de cima da pedra mais alta. Podia morrer, mas seria eu caso eu não fosse tentar?
Um comentário:
Seria eu? Estrana e necessária pergunta para se fazer a mim.
Muito bom esse texto, parabéns. Continua afiadíssima como sempre.
Até mais.
Postar um comentário