28 de janeiro de 2010

Quero

Não me permito me acomodar com esse amor nada doído, nada difícil, nada lúdico, nada sincero.
Não quero apenas ver que o mundo passou realmente a acreditar que o amor carnal é a sobremaneira de amar.
Quero sentar aqui e esperar que se juntem a mim outros que acreditem em amor real, sem sonhos de uma noite de verão, sem devaneios e promessas prontas para morrer tão logo venham ao mundo; quero me juntar aos rebeldes seguidores dos benefícios dos amores imperfeitos.
Não quero me encontrar com os romancistas, com os escritores de conto de fadas. Esses não quero ver. Não quero o amor cor-de-rosa. Quero o amor pungente, o amor desejo, o amor paciência, o amor razão-emoção.
Quero o amor poesia. Não a poesia métrica, a poesia perfeita, a poesia sublime. Essa me enche de enjôos que não posso suportar. Quero o amor poesia pós-moderna, o amor com hiatos e imperfeições, com a mágica da imperfeição que encobre obras jamais compreendidas.
Quero um amor que não se entenda.
Quero um amor que não faça sentido.
Quero um amor ilógico.
Quero escolher ficar todos os dias porque amo,
mesmo que todo o resto seja brumas e tempestades.
Mesmo que não haja resto.

Quero que esse amor me baste.

4 comentários:

Anônimo disse...

Boa sorte ^^
=***

Klécia Melo disse...

Não acho que exista no amor uma questão de sorte, como se nossas vidas pudessem ser lançadas na mesa como dados de um jogador. Acredito que estejamos muito mais envolvidos em uma questão de escolhas.
Então recebo melhor um boa escolha! E desejo o mesmo para os interessados em amar.

=***

Klécia Melo disse...

"“…and learn our souls are all
we own before we turn to stone…”


Para conhecer alguém de verdade, leva-se uma vida inteira. Sempre pensei desta maneira, mas agora sei que ainda assim jamais nos auto-conheceremos ou conheceremos a quem quer que seja. Por isso, me contento com os retalhos. Os retalhos de mim e de toda a humanidade. A alma dividida em partes, como divagava Hermann Hesse. As minhas, as suas, as nossas. Não sou somente a moça na casa da árvore assim como não és apenas o que vejo. Somos hermínias, capitus, harry potters e anas delfinas. Somos Macabéa. Somos Luke Skywalker. Somos Ana Karênina. Somos dálias. Somos nuances de nossas próprias sombras. Somos dúvida repentina. Somos trechos de obras consagradas. “Somos o que podemos ser”. Somos frações de uma mesma cidade. Somos o que nos dá coragem. Somos beijo nublado e amarela verdade. Somos desejo virando a esquina. Somos dor e serpentina. Somos o que nos propomos a ser. Sorte nossas almas se encontrarem neste mesmo espaço e tempo. Sorte sermos tantos dentro de nós mesmos. Sorte que leva mais que uma vida para nos auto-conhecermos ou conhecermos a quem quer que seja. Não temos ferramentas intelectuais suficientes para nos entendermos por completo. Somos parte de um todo que jamais vislumbraremos. Somos bichos solitários, lobos que choram enquanto a noite se debruça sobre uma ponte condenada. Somos os botões que acionamos. Somos enquanto acordamos. Somos o que chamamos de sorte. Somos todas as nossas mil almas tracejadas por Hesse e nos tateamos…em partes."

Anônimo disse...

QUando falei de sorte, me referi a consequencia do tipo de amor escolhido e não ao processo de adoção.
Mas sobre o q vc falou, prefiro acreditar q boa parte dos adjetivos da escolha sao frutos da competência da análise prévia, então melhor do q desejar boa escolha é falar boa análise; vejo mais a primeira relacionada a escolha do bem e a segunda a qualidade e sapiência da escolha. Louco, n?!
=***