20 de agosto de 2011

Me, mim, comigo

Eu sou muitos. Querem culpar a astrologia por pelo menos uma dezena de pessoas habitarem em mim, mas não sei se a culpa é realmente dela. Não sei se eu permitiria jogarem a culpa da minha vida em uma coisa além dos meus domínios. Nunca gostei de não ser responsável por mim mesma. Embora por grande parte da vida assim tenha sido, involuntariamente, inconscientemente, subjulgado.
Eu quieto quase sempre. A vida quase toda em um silêncio cadavérico. Sepulcral. Mas sou em calado, afinal? Ou me mato para ser o que me acostumei a ser, e que vocês não querem ver diferente? Faria alguma diferença mostrar o que ninguém quer ver? E se você não me quisesse? Recém nascidos rejeitados jogados em latas de lixo num beco perdido do Recife Antigo. Um trauma que nem todo mundo consegue superar. Por vezes tento ser outra parte de mim, que vejo claramente aqui dentro, que quase implora pra tomar ar, mas simplesmente não consigo. Tem certas linhas que não consigo cruzar. Medos que não sei enfrentar. Assumo vergonhosamente que certas coisas me botam a tremer embaixo da cama, até o dia amanhecer, e eu não precisar encarar. Coisas que eu não sei, não vou ou não tento encarar.
Quero ser minhas mil vidas! Como faço para libertar tudo que há em mim? Para não ter medo de ser, viver, respirar?

Dilemas emocionais são difíceis de tragar a seco.

Não, não sou um bêbado. Nem sou errante, nem eremita. Nem um vadio psicótico, vadio e pedinte, como ouvi você dizer. Não sou apenas frustração, mas há muito de frustração em mim. Não todas as horas do dia, talvez uma ou outra vez, mas não todo dia.

Seja lá o que eu for, espero que eu não leve muito tempo para descobrir.

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