10 de agosto de 2011

Não sei se ele ou eu, ou os dois

Baseado em frases "entre-aspas" de Caio Fernando Abreu.


"Podia ser só amizade, paixão, carinho, admiração, respeito, ternura, tesão. Com tantos sentimentos arrumados cuidadosamente na prateleira de cima, tinha de ser justo amor, meu Deus?"


De repente a gente se vê num outro planeta, numa galáxia qualquer, perdido mesmo. A droga do amor é uma droga mesmo. Como pode uma coisa ser tão confusa, tão estúpida, tão incompreensível, e ainda assim ser a melhor coisa do mundo?
Eu tinha tanta coisa pra dizer, aquelas coisas tão importantes de se dizer que a atitude mais sensata é calar a boca, deixar caladas. Porque para uma coisa tão importante, nunca se sabe como essas coisas serão ditas, muito menos como serão ouvidas.

"Nunca, jamais diga o que sente. Por mais que doa, por mais que te faça feliz. Quando sentir algo muito forte, peça um drink."

Mas eu e minhas urgências sentimentais acabamos juntos despejando tudo em cima de você. Exatamente como estou fazendo agora, de novo.
Noutros tempos eu diria que fiquei com raiva. Mas não é raiva, dessa vez não é raiva. É mágoa, é dor, insegurança, medo, sei não. Talvez um pouco de tudo isso. Quem sabe nada.
Penso que, quando estivermos todos prontos, eu, você, o mundo, nos encontraríamos sentados num bar, ocasionalmente. Ou numa fila de banco. Você riria da minha cara agora, e diria que não acreditaria. Diria que eu sou infantil. Que essas coisas não existem. Você sempre foi tão cético...

"Tenho medo de já ter perdido muito tempo. Tenho medo que seja cada vez mais difícil. Tenho medo de endurecer, de me fechar, de me encarapaçar dentro de uma solidão-escudo"

Eles me pegaram, me vendaram, me cegaram, me rotularam, modularam, jogaram mil complexos em cima de mim, um milhão e meio de paranóias, e só eu sei o trabalho de limpar todo esse excesso. Hoje sou excesso. Mas sei que na verdade não passo de arestas. Arestas bem pequenas, aparadas. Mas nem por ser aresta sou simples. Sou aresta agrupada em caleidoscópio, e caledoscópios não são coisas simples. Mas são coisasfascinantes, se olhadas com atenção. Acontece que tem muita coisa no meio do caminho e é muito fácil se perder. Entre o momento de "ainda não estamos prontos" e "nossa hora chegou" são necessários cruzar muitos caminhos perigosos, e se perder é bem mais fácil que se achar.

Aceitei tanto desgosto na vida, sempre de pé, sempre aqui. Nunca fugi. Quase nunca, na verdade, mas quando fugi, sempre voltei. Nunca me esquivei do que chamei de amor, de onde eu quis colocar meu coração. E assumo as consequências das minhas decisões. Como estou e como sou é muito culpa minha,  só minha, pelas decisões que tomei. Pelas vezes que fiquei. Pelas vezes que fui. Eu só juro que não vi que isso tudo matava. E morri, no fim. E o pior é que ando zumbi na rua e ninguém percebe que estou morto, mortinho. É duro manter essa aparência. porque no fim não passa de mais de uma de minhas máscaras de como ser the perfect girl.

"Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar."

Cansada disso. Mas não consigo me desprender. A pior dependência está longe de ser a química. Coitados dos viciados emocionais. Pra eles ninguem dá a menor atenção, acusa de fresco, de piegas.
A questão é que estar morto não é tão ruim, afinal. "Desde que ganhei meu PhD em desilusão amorosa, tenho me divertido como nunca". Parei de me cobrar pela necessidade de que dê certo, pela idealização de futuros perfeitos desenhados em guardanapos de mesa de restaurante.

Acho que felicidade hoje, por enquanto, é mais que suficiente para mim.

último comentário: Caio Fernando Abreu, pare de viver minha vida!!!


Um comentário:

Anônimo disse...

Aaaaaaaaadorei!
Elyda ;*