28 de dezembro de 2009

Esperança

Hoje eu não quero cantar.
Não vou louvar valores, não vou chorar dores, não vou fazer verso, nem rima, nem cena.
Hoje eu quero apenas parar.
Ficar aqui sentada, sem dores ou culpas, sem medos e sem esperanças.
Descobri ontem uma nova forma de sentir dor. Pensava que só o medo fazia a gente sofrer. Pensava que a angústia pelo incerto era o mais temível dos sentimentos.
Mas ontem me descobri sofrendo por ter esperança. Esperança, logo ela, tão verde, tão ingênua, se fez tão amarga em minha boca.
O verde-poesia virou verde-fel. Talvez não entendam como a "força da humanidade, o que move o mundo" possa fazer mal a alguém, mas em resumo, posso dizer que criar esperança em frente a uma impossibilidade pode ser uma tortura para o mais forte coração, uma vez que você agora deseja com todas as suas forças que o impossível seja real, e acredita de verdade que isso possa acontecer.
Mas existe um abismo infindável entre seu querer e o acontecer.
E foi na beira desse abismo que ontem eu sentei e chorei.
A esperança me fez chorar. Mais uma prova de que posso esperar tudo de todos. Até mesmo dela.
E uma lágrima de esperança, meus caros, dói bem mais que torrentes de lágrimas de medo, podem apostar.

O disco arranhou. A música parou. Estou com medo, e com medo eu costumo desafinar.

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