12 de março de 2011

O crescimento das meninas

Era uma vez...

Uma menina...

Pela idade eu bem que poderia dizer uma mulher, ou uma moça, ou ainda uma jovem senhora, mas levando em consideração a sensibilidade, o pouco trato com os desníveis da vida, a delicadeza extrema e a pouca experimentação, o termo dado às iniciantes lhe serve bem melhor.

De lágrimas e de dores entende bem pouco. Sofre demasiado por coisas bem pequenas que ainda não pode compreender, acreditando estar vivendo o maior dilema da história da humanidade bem no meio daquela tarde enfadonha e chuvosa.

Sorrisos tem muitos, para todas as ocasiões, sinceros, de fuga, de denúncia e de sarcasmo, embora este último ainda esteja aprendendo a utilizar com sabedoria, a fim de evitar novas intrigas.

Anda em busca de novidades. Que é o que faz toda menina. Sai de casa em busca de aventura. No outro lado do mundo ou no outro lado do muro do vizinho. Mas sai.
Como uma boa menina, cai, se descabela, chora horrores, acredita que a dor não vai passar nunca, que a cicatriz vai ficar horrível, que ninguém vai gostar mais dela quando ver a marca que vai ficar, passa vários dias no espelho acompanhando a cicatrização, esconde com pó e corretivo qualquer resquício de marca, sai meio desconfiada de casa no primeiro dia, no segundo dia esquece que tudo aquilo aconteceu e está pronta pra uma nova aventura na próxima novidade.
E ela foi feliz pra sempre. Embora esse conceito seja muuuuuuuuito relativo.

"Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."

Fernando Pessoa

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