1 de fevereiro de 2010

Nau

A nau dos navegantes perdidos levanta as velas e se prepara para partir. Mas para onde seremos levados pela aragem que ora sopra?
Saberão os ventos nos confidenciar entre uma brisa e uma tempestade algo sobre nosso incerto destino? A longa espera por alguma resposta me deixa impaciente.
Imprecisas rotas que vão dar em lugar nenhum, ventos nórdicos, ou correntes do sul, por que vocês não me levam de uma vez? Não fazem de mim eterno peregrino, errante num caminho traçado para um só, um só denominador do que fui e do que ainda serei? Do que ainda nem sei...
Os navegantes perdidos cumprem seu fadário. Com faixas, e curativos, envoltos em panos e unguentos, limpam um convés enxarcado do sangue derramado. Uma questão de honra. Não vão entregar seu sangue ao mar, não vão lavar suas vestes imundas na água salgada daquele que detém as chaves do seu cárcere. Porque àquele que nos feriu, do nosso sangue não merece nenhuma gota.

Eis que reconheço que nada sei de ti. Estive aqui o tempo todo e nada sei. E, do alto da minha ignorância, paro atento a te observar uma vez mais. O que deixei escapar? Eis que é chegada a hora de te desvendar.

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