Vim aqui me perdoar.
Não posso mais conviver com isso tudo, com essa culpa, essa dor, essa revolta por não ter vindo, vivido e ouvido melhor. Por ter me rendido, ter me entregado numa batalha que desde o começo já estava perdida. Mas a culpa doía, dói, vai doer ainda um pouco mais. A culpa por ter me deixado dominar, subjulgar, como uma velha colônia portuguesa de exploração.
Me perdoar por não te perdoar. Não hoje, não agora. Talvez mais tarde, talvez um dia. quando todas as mágoas forem lembranças, e todas as tristezas nada mais que fotos apagadas de um velho cartão postal. Talvez isso resolva a dor, resolva o medo e a insegurança. Talvez quando eu já for outra pessoa e ninguém mais me reconheça. Mas eu já sou outra pessoa que supostamente nem minha mãe reconhece, e muita coisa mudou, mas muita coisa permanece bem onde você deixou.
Olho para o chão, as estrelas todas mortas, apagadas pelo tempo, jogadas ao vento, sós. Eu também estou só. Ninguém que olha realmente vê, parecem todos cegos a atirar palavras vãs em tentativas coersivas de me acertar, e me derrubar como uma daquelas estrelas.
Mas, inusitada e inesperadamente, até mesmo para mim, de certa forma eu me mantenho de pé. O que me traz aqui mais uma vez, o que me mantém respirando, mesmo depois de todas as idas e vindas, mesmo depois que o nome dela volta a luminescer como um novo acréscimo àquilo que me foi negado, na verdade até raptado, roubado e destituido por você, eu não sei, e pouco importa agora.
Não há tempo que volte, amor. Eu me perdoo por tudo. E não espero compreensão por voltar dez anos no tempo para encontrar comigo mesma, com todas as letras e predicados.
É que, como tudo andava, e ainda hoje até, eu me sinto tão fraco...
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