11 de fevereiro de 2010

Esquecimento

Sinto falta.
E a saudade é o pior castigo, é a mais cruel das penas, o mais injusto martírio.
Saudade é uma dor assim por dentro, não se sabe onde, parece que em tudo... Sinto-me um doente, um exilado, um excluído, um transviado. Sinto-me só.
É como uma peste, devastando o resto do mundo. Que me importa o resto do mundo? Não estás aqui, é tudo que importa. O resto é nada, o resto é pó.
"É como se me faltasse um dente da frente", humilhante, excrucitante. Devastador. É uma urgência que não pode ser sanada.
Saudade é o que resta depois de ter. Quando o ter passa a ser pretérito perfeito. Sem previsão de revisão de conjugação.
"Saudade é melhor que caminhar vazio". Discordo. Discordo. Caso fosses dizer isso perto de mim hoje, meu caro, urgentemente te corrigiria, e te faria dizer que as lembranças boas, essas sim são melhores que caminhar vazio. Mas não a saudade. Saudade não é lembrança. Saudade é miséria, é incapacidade. É nunca mais.
Sinto teu cheiro trazido pela brisa que entra pela janela entreaberta. Mas não há nenhuma janela, nem brisa, só cheiro. De onde vem o cheiro?
Acho que estou enlouquecendo. Agora moro na presença de tua ausência.

"Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar."

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