E mais um dia como outro qualquer. Acordo cedo, levanto, pego o ônibus, trabalho, almoço minha marmita requentada, trabalho de novo, pego o caminho de casa, assisto o jornal e vou dormir.
Duas piruetas, um salto mortal, um duplo twist carpado, e me vejo sentada no sofá esperando o telefone tocar e me tirar da solidão. O que, sem nenhuma surpresa, nunca acontece.
Fico com a artrite reumática da alma, a asma brônquica dos discursos interrompidos, a gastrite doída dos dias e o fígado embargado das noites.
Fico com a fartura de horas, minutos e segundos abarrotados de nada.
Fico com o silêncio do cheiro dos meus passos, e das coisas que delicadamente, silenciosamente ou maliciosamente vou deixando para trás.
Fico com a brancura alva do vestido novo, comprado para o baile que eu nunca fui e para a valsa que eu nunca dancei.
Fico aqui porque ninguém me liga e eu não tenho a menor ideia de para onde ir.
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