29 de agosto de 2009

Ausência


E a noite ia chegando mansinho, pegando ela desprevenida, ainda sentada na cadeira da varanda... Sozinha, distante do mundo.
Não era solidão o que ela sentia. Não era tristeza. Não era angústia, muito menos dor, nem fracasso. Não era pena, nem dúvida.

O que ela sentia era ausência.

E medo.

Ausência das tardes quentes. Ausência dos sorrisos. Ausência dos ausentes. Ausência de vida. Parecia tudo meio vazio, meio escuro, meio dormente.

Medo de não existirem outras tardes quentes. De não encontrar de volta os sorrisos. Medo de não saber por onde anda a vida. Medo de não preencher. Medo de não clarear. Medo de não pulsar.

Era medo dessa ausência querer ficar pra sempre.

Acorda, menina, acorda... antes mesmo desse sol se por. E aprende depressa que a vida é um mistério, uma mistura entre alegria e dor. Nem sempre sorrisos, mas nem sempre solidão. Depois do inverno vem a primavera, as flores se abrem em novo botão. Aprende a cantar esperança. Aprende a acreditar em você. Aprende a reconstruir teus sonhos sempre que teu mundo desaparecer.

E esse medo... Esse medo é uma coisa que nunca vai passar. Vai sempre estar lá, vai sempre gritar, vai sempre assustar. O que nos resta, minha cara, é aprender a caminhar ao lado dele, acostumar-se com essa incerteza, com esse não saber. Correr riscos é a única forma de não esperar. De tentar transformar.

Porque senão, moça, vai ser sempre a cadeira, a varanda, a ausência, e esse medo a te fazer companhia.

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