30 de novembro de 2011

Sozinha

Eu lembro que por muito tempo carreguei um medo indescritivel de ficar sozinha. A primeira recordacao vem quando me via aos prantos no pre-escolar se minha mae atrasasse miseros cinco minutos para vir me buscar. Eram os cinco minutos na conta da eternidade. Era como se o mundo fosse acabar. Porque eu estava sozinha. E assim, apos crescer e criar mais vinculos fora do circulo familiar, foi acontecendo a transferencia dessa necessidade para todas as outras relacoes. A cada colegio novo, tinha medo de nao ter amigos, a cada nova casa, medo de nao conhecer nenhum vizinho, e a cada novo namorado medo de ser abandonada. Era como seguir um padrao. A falta de auto-confianca que carreguei por tanto tempo (nao posso dizer que me livrei dela totalmente, mas enfim... outra historia, outro dia...) ia matando minha liberdade e a liberdade das minhas relacoes. Eu sempre precisei me sentir tao querida e amada, e implorei tanto por isso, que muitas vezes ganhei falsas e forcadas demonstracoes de afeto. Lembro que acabava um namoro e ficava pensando imediatamente que nunca mais ia conseguir ser amada (preste atencao,  nao pensava em amar de novo, pensava em alguem me amar de novo...) e talvez por isso me segurava a relacoes ja mortas com tanta forca que cheguei a machucar as maos nos espinhos de rosas secas mais vezes que me lembro contar.
O que pude observar depois - depois de anos passados, depois de licoes aprendidas, de mais e mais licoes praticas de relacoes humanas - foi o quanto isso eh mais comum do que se imagina.
Inumeras pessoas passam pela mesma situacao, pela necessidade de afeto expositivo, pelo por favor nao me deixe sozinha... e nisso abdicam de inumeras coisas que fazem parte da sua essencia, para preservar relacoes muitas vezes tao falsas, exatamente por serem alicercadas nessas mentiras de personalidade.
Eu menti para mim mesma tantas vezes... E nesse texto cheio de reticencias representando meus pensamentos que nao se encaixam num modelo padrozinado de comeco meio e fim, venho expressar minha alegria por me ver hoje tao mais independente de outros para auto-felicidade. Acho que deixei de querer tanto os outros quando descobri tudo que ha em mim. Ficar sozinha nao eh um deserto, nao eh solidao, eh como um oasis, uma redescoberta, um renascimento.
Quando comecei a me amar mais, passei a aproveitar o tempo comigo mesma como uma pequena dadiva. A aproveitar minhas melhores qualidades, a remodelar meus grandes defeitos, a sentir e entender cada curva do meu corpo, cada curva da minha mente.
Ficar sozinha nao eh ficar so, eh ficar comigo mesma. E, por hora, eu estou feliz assim.

21 de novembro de 2011

Madrugadas

Ora, ora. Por que gosto dele? Explica voce. pra mim nao faz mesmo sentido, e faz todo o sentido do mundo... Entao nao vou gastar saliva tentando explicar.
Sei apenas que ele chega e tudo mais perde brilho poque so tenho olhos pra barba mal feita e risos pras piadas infames.
Meus pensamentos sao dele porque ele eh, como dizem por ai, meio ogrodoce. E cada dia eh o mesmo tormento de esperar que ele seja menos ogro, mais doce. E vice-versa. Porque assim cada dia eh mais um dia. Um novo dia.
Percebi que gosto dele quando me vi dormindo com o celular embaixo do travesseiro para atender chamada de madrugada. -Ah, nao to fazendo nada muito importante agora nao. Se voce pode vir aqui? Claro, filme entao? Entao, de chinelo, short, cara lavada e camiseta folgada, pipoca de microondas, me preparo pra uma daquelas noites incriveis. Coisa idiota? Coisa de adolescente? Talvez.

Chamo de coisa de gente apaixonada.
Agora faz o favor de nao demorar muito a perceber... Juro que qualquer dia sou eu mesma capaz de te dizer.

(ouvindo musica legal e inventando uma historinha de fds. Se esse livro sai um dia? Diz ai vc se vale a pena.)

16 de novembro de 2011

Decisoes

Nao sou hipocrita. Me arrependo de muita coisa que fiz. Muita coisa que ninguem nem sabe que fiz. De muita decisao errada que tomei. De muita gente miseravel que apoiei. De muita noite mal dormida por consciencia pesada. Por erros de passado, que assombram o presente e atrapalham a visao clara do futuro.
Sinceramente n sei porque mantenho esse blog. Nao queria que ninguem lesse o que escrevo, nunca quis. Nao quero que ninguem descubra nada de mim, ou pior ainda, que pense que sabe alguma coisa sobre mim.
Nao quero ser julgada pelas cartas ja viradas do baralho. Mas va la que nao vou querer roubar do ser humano sua melhor habilidade, entao julguem como quiserem. Ja faz tempo que deixei de me importar.
As escolhas que faco nao sao minhas inumeras vezes. Nao voluntariamente minhas. Ou impassiveis de influencia do meio externo.
Tudo que eu queria era nao estar fazendo o que vou fazer agora.
Mas pra certas coisas nao ha remedio, e eu espero por essa noite conseguir dormir...
Isso se eu achar o caminho de casa. Seja la onde for minha casa, agora.

14 de novembro de 2011

Lei it be...

Hoje acordei inteira. Com todos os pedacos colados montando meu bonito vitral que insisto em consertar toda vez que um idiota quebra. Faz parte da vida... Eterna reconstrucao, descobrimento, vir a ser.

A minha satisfacao por nunca me achar completa me deixa feliz pela enorme gama de possibilidades que posso escolher, por tudo que posso ainda me tornar. Pelo tanto que a vida pode ainda me surpreender.
Por isso hoje resolvi deixar de me fechar as mudancas, e de tentar renegar o tempo, os gestos, a vida. Prestar atencao na fotografia. Na velha, preta e branca, e na nova, digital. Tentar colar os dois mundos. Como sempre tentei fazer. Juntar as coisas, conciliar. Como se eu realmente tivesse uma necessidade urgente por isso.

Importante foi parar de enxotar os amores. Aceitar as parcialidades, as imperfeicoes, arestas, origens, pensamentos... Ficar no meio termo entre a descrenca em toda e qualquer forma de amor e a crenca no principe encantado. Ficar no lugar mais adequado, sentada na beira da vida, com os pes se molhando de realidade, mas com os olhos mirando o horizonte, a lua, o sol, o ceu. O infinito de possibilidades mais uma vez...

Nego-me a acreditar em um amor da minha vida, e passo a conceber a ideia de amores para a minha vida... Nao um, mas varios, inumeraveis, catastroficas, catatonicos, pulsantes, irracionais... Imensuraveis.
Amor de mae, de pai, de irmao, de amigos, de amigas, de vizinho, de cachorro, de papagaio, de companheiro...
Porque hoje descobri que nao posso - nem vou - me apaixonar uma vez so, e perdidamente por ninguem. Porque descobri hoje que sou muito mais do tipo que ama o mundo, que quer abracar a vida e beber a taca cheia todo dia. Cheia de coisa viva, cheia de sentimento, cheia da minha insanidade meticulosamente controlada.
Ficar encarando a vida, vendo os caminhos que ela me da... Hoje estou com esse sentimento bom de dever bem cumprido... De que se tem uma coisa que estou fazendo direito, hoje, eh viver. Com toda a bonita definicao que essa palavra pode ter.

E foi por me ver tao feliz, que a vida sorriu de volta pra mim.



[...] para sermos felizes juntos. Eu disse que sim, claro que sim, muitas vezes que sim, e aquela voz repetiu e repetia que me queria desta vez ainda mais, de um jeito melhor [...]

1 de novembro de 2011

Simples assim

Tô cansada de correr. Você me avisa se um dia sentir saudade de mim, e então eu te falo se ainda estou pensando em você.

Insônias

Noites de insônia são ótimas. Nessas horas você realmente acredita que você passa sua vida quase inteira dormindo. Madrugadas podem ser sempre dolorosamente prorrogadas, e cada segundo entre as duas e três da manhã pode conter sua própria eternidade.
Quando todos já foram dormir, sem mais ruídos, sem mais cochichos, só você e o barulho de você mesmo.
Tempo pra pensar no que você fez, no que não fez, e muito tempo pra não pensar em coisa nenhuma.
Ócio.
Antigamente eu sabia exatamente o que fazer. Hoje sei tão pouco de quase todas as coisas, apesar do muito mais que aprendi de ontem pra hoje. Isso só prova o quanto pouco eu sabia ao pensar que sabia mesmo de alguma coisa. Há sempre alguma coisa que a gente não consegue entender.
O som rouco e afinado da guitarra de Gessinger embala o que deveria ser minha canção de ninar. Nada como um guitarra elétrica... Nada como não ter hora para acordar pra não ter que ter hora pra dormir. Como se isso [entre tantas outras coisas] pudesse ser opcional.

Dia de caça

Soprei as areias do tempo que eu segurava na minha mão. Havia por fim desistido de te segurar e entreguei os pontos vagarosamente, soprando as areais da ampulheta que quebrei há pouco.
Destino, sem tino, sem remorso, sem culpa... Para onde me levas? O que me sobra? Se és tu que tudo governas, se és tu que já sabes o que vem depois do próximo suspiro, se és tu que vês o que acontece enquanto pisco os olhos, te peço melhor sorte, ou me entrego a tua soturna vontade?
Adiantaria aqui implorar para que o que quero esteja ao meu lado amanhã ao acordar?
Se eu hoje suplicar para que me dês o mais impossível dos favores, haveria a mínima possibilidade de você me escutar?
Estamos todos por fim fadados a assistir as voltas que a vida dá, enquanto você se ri das nossas desilusões, dos nossos destemperos, das nossas febres e preocupações vãs?
Destino, não é solitária essa vida de apenas nos ordenar? Vou tornar mais divertido para você.
Soprei os últimos grãos que levava na mão. Vou deixar você jogar como sabe, caçador, entreguei suas armas. No entanto, um recado final: Não é nem um pouco verdade que vou deixar você jogar sozinho. A vida precisa de dois jogadores. Dê as suas cartas então. A sorte pode virar cedo ou tarde. E não sou eu quem vai desistir agora. Amanhã pode ser dia da caça.

Pára!!!

Pára. Pára de me torturar com essa canção de amor que só me enche de saudade.

Alguém mais tá ouvindo meu coração cantar ou estou mesmo ficando louca?

Complicadores da realidade!!!

Eu não sei amar.
Enquadro-me na classe de pessoas mais difíceis de lidar: sou um clássico complicador da realidade. É, esse é o termo. Complicador. E não só para a vida amorosa, complico tudo na vida mesmo. É minha maior habilidade: deixar tudo parecendo mais difícil, e perder noites de sono e dias de trabalho com isso. Realmente, sou muito muito boa.
Mas é no amor que ganho todos os prêmios de melhor atuação. Consigo afungentar todos os possíveis amores da minha vida. Porque parece que o cupido é sempre meio lerdinho comigo, e as pessoas gostam sempre primeiro de mim, e não dá tempo pra eu me adaptar, me apaixonar, tem já alguém me oferecendo aquele amor puro e bonito antes mesmo de me dizer oi. Que fique bem claro: amor a primeira vista pode até existir MAS NUNCA ACONTECEU COMIGO!!!!
Mas é injusto você me apontar o dedo e me condenar a solteirice eterna, ou a bancar de tia sem ouvir minha história. Não é porque sou um alter-ego suprimido do universo que você considera realidade que não tenho sentimentos. Tenho-os e em grande cota, então vamos lá, ouça minha história.
Já amei, mas isso foi há muito tempo. E até mais de uma vez.. Quando eu acreditava em muita coisa que hoje não acredito mais. Ou finjo que não acredito e escondo de mim mesmo, num lugar bem escondido no fundo do coração machucado. Porém, digamos, para não citar nomes nem acusar pessoas pelas suas decisões - não julgo ninguém por escolher o melhor pra si, embora isso possa categoricamente f. com sua vida - que não foi de uma vez que morreram os sonhos e certa maneira de sentir as coisas. De uma vez só não, sejamos sinceros e assumamos que dor de amor dura muito tempo, e eu sei muito bem como prolongar sofrimento. Mas enfim, águas passadas.
Hoje ando esperando o tal amor, mas é uma espécie de busca descompromissada, onde a gente quem sabe vai se esbarrar algum dia, mas ninguém procura por ninguém. Deixa a vida levar o tempo que ela quer levar, se é que ela se importa mesmo com isso. As outras histórias, meias histórias, ou histórias inteiras, terá sido amor também? Não sei. Pergunta de novo daqui a uns tempos, quando for só lembrança e não doer mais o tantinho que ainda me dói.
De verdade, me pego às vezes pensando que não vou conseguir amar ninguém, vou ficar indo de um relacionamento a outro e sempre pulando fora quando o negócio ameaçar ficar sério. Caso clássico de complicadr da realidade que ainda tem medo de se meter em sofrimento.
Aprende, gata, que sem sofrer um pouquinho, você vai perder toda a parte divertida da vida. Não tem como separar, tá tudo misturado mesmo. Não dá pra escolher um lado só.

Se cuida, e vai ser feliz, vai.

"Será que alguém já te fez chorar
Mesmo sem ter proferido uma palavra?
E o que você fez? tentou lutar?
Ou compôs uma canção indo pra casa?"




Onda T

Odeio o amor.
O teu amor
Ou o erro de todos os amores.

Odeio as ausências em todas as partes
se fazendo presente em cada estúpido desvaneio.

Odeio o quanto eu me assusto
com a dor, com o medo do medo, com o medo da dor.

Não é o fim, mas também não é o começo.
Fico entre o não e o sim.
Escolho não decidir
Escolho me eximir da culpa de errar de novo
de amar de novo
de sofrer de novo

porque eu não sei te amar,
ou amar qualquer um.
Não sei confiar em amor nenhum
acreditar em sonho bom.

Meu coracao nao sabe descansar, confiar
estabilizar.

Vivo de arritmia,
de cansaço,
de angústia,
de desesperança
de desespero.

Ondas T de saudade de quando eu não pensava tanto
no porque de cada coisa ao redor de mim.