28 de junho de 2010

Confissões de uma quase torcedora

Em meio a toda euforia vivida em território nacional, onde tudo respira verde e amarelo e em todos os lugares de pode escutar o bom e velho hino nacional como se fosse uma música da bossa nova no calçadão de Copacabana, surgiu em mim o melhor espírito nostálgico de Copas passadas.
Venho dizer isso porque me surpreendi admiravelmente não-envolvida pelo espírito nacionalista que vem dominar todos os brasileiros nessa época.
Com o tempo de folga gerado pelos feriados nacionais semanais cada vez que a camisa canarinho pisa no gramado, sobrou-me um tanto de tempo para pensar nesse movimento de sentimentalismo coletivo que acomete nossa população.
Não é com pouca certeza que me recordo de que copa boa era no tempo que eu era adolescente… E não é apenas nostalgia de "Porque no meu tempo..." Explico isso pelo fato de que nos anos 90 minha geração nunca tinha visto o Brasil ser campeão [até a Copa de 94], que foi um momento histórico pra todos nós e pronto: ingrediente essencial para criar em nossas memórias uma Copa inesquecível.
Lembro dos gritos e esbravejamentos que meus amigos todos, mais minha mãe [que nem gosta de futebol], e meu pai pulando e gritando espremidos, se abraçando como se naquele dia mesmo tivesse sido decretada a anistia para os prisioneiros de guerra [sendo nós os prisioneiros de guerra]. Foi inesquecível.
Desde o auge, em 94, as Copas vem significando cada vez menos na minha vida. Em 98 eu vi todos os jogos em casa, e depois deles todas as mesas redondas da ESPN (minha memória mais marcante daquele campeonato), o que significa que eu não festejei nada. E ainda estabeleci todas as teorias de como a máfia francesa [que eu garanto que estava envolvida naquilo] financiou a venda do campeonato. Se bem que podem ter sido os argentinos também.
Em 2002 foi ainda pior. A Copa da madrugada, o que por si só já desanima.  Assistir o jogo e depois sair de casa pra trabalhar não é lá muito interessante. Ver a seleção se classificando as trancos e barrancos foi a parte mais empolgante. O que mais me lembro daquela Copa foi de Felipão, e da sensação de que nunca mais a seleção vai ter outro milagreiro técnico como aquele.
Em 2006 eu eu me lembro bem de ter sido expulsa da sala durante o jogo das oitavas de finais por estar falando a plenos pulmões que o Brasil não tinha time de campeão, e que não ia ganhar e pronto. Meu pai não gostou das minhas declarações, e a liberdade de expressão não valeu meu lugar no sofá.
E aí chegou 2010. E eu ocupada demais pra prestar muita atenção, pra me empolgar e pendurar bandeirinhas, pra comprar uma corneta, uma camiseta do Brasil ou qualquer uma dessas coisas que todo mundo faz em preparação pro Mundial. É a primeira Copa com Twitter, o que significa que durante os jogos a gente lê tiradas hilárias, mas é só isso. Pra falar a verdade, assisti dois jogos e isso só me fez aumentar o sentimento de nostalgia. Pior: vi o jogo da Argentina, e estou tremendo por dentro ao me ver quase torcendo pra que eles sejam campeões.
Não sei explicar o que se passa. Talvez seja o fato de só ver a cara do meu Brasil em Lúcio e Júlio César. talvez seja saudade de quando os comerciais da TV tinham outros artistas além de Robinho. Talvez seja devido a uma overdose de Galvão Bueno.
E que fique bem claro que não é porque eu não goste de futebol. Bem ao contrário, sou uma fanática que assiste todo tipo de campeonato, acompanha negociação de jogador e entra em roda de discussão. Amo futebol. Mas o que eu vejo no Brasil hoje não me traz a sensação do auge de 94, onde tudo no campo e fora dele exalava o orgulho de vestir verde-amarelo.

Enfim, eu sinto muita saudade do tempo em que dia de jogo do Brasil era aquele dia de excitação, de barulho no ar, de tensão, de preparação. Hoje em dia pra mim é só mais um, com trabalho antes e depois do jogo [e seria durante se eu não corresse o risco de ser internada por isso].
Medo de que em 2014 eu esteja fugindo do trânsito, da confusão, dos turistas e indo me refugiar em Goiânia porque lá não vai ter Copa…

20 de junho de 2010

Metamorfose

Espasmos cerebrais que me jogaram caída na rua, de joelhos, rendida à incompreensão da existência da linha divisível entre sonho e realidade. O gosto de vômito ainda fresco na boca me dava mais ânsia.
Não, ainda não foi agora que perdi a minha plenitude, a minha dignidade, mas a tontura confusa que me acomete me faz manter os olhos fixos no chão, meu corpo gélido parado no lugar onde fui atirada, aparentemente vencida. Medo?
Não, não é medo que tenho.
Estou agora em metamorfose.
Depois que minha larva muito se alimentou das ofensas e agressões desse mundo insólito, e está com o ventre cheio de adagas e espinhos, é hora de metamorfosear.
Começo então, silenciosamente, a tecer um grossa capa, uma nova pele dura o suficiente para me proteger da agressão da realidade.
Injetaram em meus olhos o chorume amargo de toda a sujeira do mundo, e por agora não consigo enxergar. Pareço apática, vencida, utrajada no mais profundo da sacralidade de ser quem eu sou.
Metamorfoseio, então.
E enquanto críticos céticos acreditam na minha destruição perante os tamanhos estragos, ao sangue perdido, aos sonhos estuprados, mortos, vendidos, sorrateiramente preparo minha ressurreição com mais um poema mercúrio-cromo.
Preste atenção se ao seu lado aparecer uma borboleta com asas feitas de poesia.

"...Isso é escrever.
Tirar sangue com as unhas.
E não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. Mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te.
Você não está com medo dessa entrega?
Porque dói, dói, dói. É de uma solidão assustadora.
A única recompensa é aquilo que Laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. 
Essa expressão é fundamental na minha vida." (CFA)

Saramago

E de repente em todos os cantos, em todos os novos post que leio, uma citação, uma recordação, uma analogia a obra dele.
Não consegui não ficar indignada. Por mais que pareça com uma forma de póstuma homenagem, a mim de cá mais se parece com um sentimento ufanista coletivo de falsa aproximação da literatura.
Citaram-me Saramago na rua! Em plena avenida, às 9 da manhã de um domingo. Pessoas que eu nunca ouvi nem falando sobre Eça de Queiroz ou qualquer outro escritor de além-mar.
Capazes eles seriam de me citar uma única obra dele? Ou mais ainda, de descrever sua vida de crítica, rejeição e exílio?
Sabem o que além daquele dia em que ganhou um prêmio Nobel? O único de Língua Portuguesa, não é? Foi o que disseram no jornal.
Pois bem, vamos lá. Fundem um fã-clube. Sugiro até um nome: Agora eu gosto de Saramago.


"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."
SARAMAGO, José.

19 de junho de 2010

Epopéia de um prisioneiro facista

Emoldure a sua mente facista e mande-me como foto em um cartão postal da república totalitária dominada pelo partido xenofóbico ao qual te filiaste.
Mussolínico te tornaste. Quem diria? Tutto nello Stato, niente al di fuori dello Stato, nulla contro lo Stato. Desisto de tentar entender o totalitário sentimento regente de tuas insanidades. Digo-te apenas que enxergo além do lúdico coorperativismo que apregoas, e disso tu sabes e por isso me temes, em silêncio.
Aviso-te que os sindicatos que eliminaste ressurgem clandestinos em busca da liberdade que lhes tomastes, e a tua guerrilha opressora de povos menores já não conta com a mesma força de militância.
Diante do caos iminente, faço minhas as tuas palavras: Me ne frego, me ne frego!
Enquanto teus seguidores entoam os cantos de Viva la Morte, publico que as dores que hoje sentimos hão de se acabar, haveremos de sorrir, haveremos de ser livres em nosso corpo além de nossas mentes. E se quando esse dia chegar, meu cabelo estiver ainda mais prateado e minha pele enrugada esconder os sulcos de anos vividos calados, será apenas mais um motivo para, no dia da libertação, meu canto ser ainda mais alto.


'(...)E se não estou mais na idade de sofrer
é porque estou morto, e morto é a idade
de não sentir as coisas, essas coisas?' 
Drummmond

Tutto nello Stato, niente al di fuori dello Stato, nulla contro lo Stato - tudo no Estado, Nada fora do Estado, Nada contra o Estado.
**Me ne frego - não me importo
*** Viva la Morte - Viva a Morte. 

Parto

Preparo um poema
como quem arruma um quarto
olho em cada canto
aprumo cada quadro
num trabalho interminável
recomeçado a cada dia
em cada canto,
em cada quadro.

E espero seu fim
como quem espera o parto
com dor, com ânsia
desejo vê-lo pronto,
nascido, perfeito
sorrindo
recém-saído meu nanquim procriador.

Escrevo um poema 
como quem prepara um perfume
escolhendo essências doces
e aromas acres.
Um processo de alquimia.

Escrevo um poema
como quem planta flores
sujando as mãos no barro
esperando botões em flor.

Não preparo um poema perfeito
não calculo meus versos,
não metrifico
não me limito
[não sei comedir].

Não vou me render à objetividade.
Não há literatura denotativa
somos subjetivos todos:
eu ao fazer
você ao ler
ele [o poema] ao se declamar.

Quem de nós o mesmo irá dizer?

O som do poema ao se dizer
não é o meu ao lhe conceber
no vãos sombrios do meu útero progenitor.
E o que você vai decifrar, por vezes
vai te perder nos alcances
das mensagens que criador e criatura não trazem
[ou trazem?]

E assim preparo um poema
indecifrável
antes mesmo de nascer 
condenado
a nunca ser entendido
a nunca ser visitado
na sala de parto.
Um filho rejeitado.

Ainda assim, preparo um poema.
Meu poema-órfão.

14 de junho de 2010

A Ela

Mandem-lhe este recado de tamanha urgência.
Digam-lhe que não irei, que hoje não irei
Que já não me é possível ir
Apesar de muito querer.
Que é grande meu penar,
mas hoje não posso ir.
Que hoje não a verei.
Que me é impossível lá chegar.
Digam a ela que hoje eu não posso ir.

Digam-lhe que há crianças morrendo de fome no caminho até ela.
E mulheres que choram os maridos que foram para a guerra.
E certos jovens apaixonados que foram abandonados
acometidos de amores impossíveis,
desencantados.

Digam a ela que existem milhares a consolar
e que com tanta tristeza eu não posso ir lá
Hoje não posso ir lá.
Hoje não posso ir lá.

Digam a ela que existem milhões de cadáveres a enterrar
e certas estrelas que insistem em se apagar
que existem muros pixados a limpar
e balas que foram perdidas que tenho que encontrar
antes que encontrem um outro antes de mim.

Digam que choro amargamente
por este dia único em que sentei aqui
e lamentei ser impossível ir encontrá-la.
Pois o céu está cinza da poeira das fornalhas
das vidas que se queimam em holocaustos suicídicos.

Digam a ela que tenho que ficar a postos
pronto para amar e socorrer e abrir os cárceres de mentes
voltado para todos os caminhos
onde quer que se precise
onde quer que se suspire
onde quer que haja dor,
onde quer que se morra
seja de ódio ou de amor.

Digam a ela que estou enxugando a poça de sangue da praça
com a roupa que eu acabara de alvejar
que já não tenho mais vestes limpas
mesmo que hoje eu pudesse ir com ela me encontrar.

Falem a ela, não a deixem me esperando
digam que o herói está preso,
e os acordes da canção foram roubados,
e os sinos de alegria foram desmontados
que já não há quem possa tocá-los.

Digam-lhe que meu dever é grande
que há fome e mentira
e desgraça e genocídio
espalhados em todos os lugares
e eu não posso cruzar os braços,
não posso ficar parado.
Sei que ela entederá que não posso ficar.

Por isso peçam-lhe paciência
peçam-lhe que não me esqueça
digam-lhe que volto logo que possível
aos seus braços
onde me sinto em paz.

Mas que agora não posso
mas que agora não devo
que hoje não a encontrarei
nos becos e ruas e vielas de costume
nas horas de lua alta
sob o canto de violões sem corda
e vozes embargadas.

Digam que sinto saudades,
que meu coração é só dela
que nunca a traí
nem jamais tive outra em meus pensamentos
ou em meu leito.
Que almejo por revê-la
tão logo quanto seja possível.
Digam a ela que carrego o peso do mundo nas costas
e honro o nome que ela me deu
e os ensinamentos que me prestou.

Digam a poesia que volto logo.
Mas que hoje é impossível.
Hoje não posso.
Que é grande meu penar,
mas hoje não posso ir.
Que hoje não a verei.
Que me é impossível lá chegar.
Digam a ela que hoje eu não posso ir.


*Uma homenagem a Drummond, num dia que temo possuir aquele mesmo sentimento do mundo.

13 de junho de 2010

Dia de caça

Soprei as areias do tempo que eu segurava na minha mão. Havia por fim desistido de te segurar e entreguei os pontos vagarosamente, soprando as areais da ampulheta que quebrei há pouco.
Destino, sem tino, sem remorso, sem culpa... Para onde me levas? O que me sobra? Se és tu que tudo governas, se és tu que já sabes o que vem depois do próximo suspiro, se és tu que vês o que acontece enquanto pisco os olhos, te peço melhor sorte, ou me entrego a tua soturna vontade?
Adiantaria aqui implorar para que o que quero esteja ao meu lado amanhã ao acordar?
Se eu hoje suplicar para que me dês o mais impossível dos favores, haveria a mínima possibilidade de você me escutar?
Estamos todos por fim fadados a assistir as voltas que a vida dá, enquanto você se ri das nossas desilusões, dos nossos destemperos, das nossas febres e preocupações vãs?
Destino, não é solitária essa vida de apenas nos ordenar? Vou tornar mais divertido para você.
Soprei os últimos grãos que levava na mão. Vou deixar você jogar como sabe, caçador, entreguei suas armas. No entanto, um recado final: Não é nem um pouco verdade que vou deixar você jogar sozinho. A vida precisa de dois jogadores. Dê as suas cartas então. A sorte pode virar cedo ou tarde. E não sou eu quem vai desistir agora. Amanhã pode ser dia da caça.

Certos dias

Um dia no ano para que tudo me pode ser dado. Os melhores desejos, os maiores sorrisos, como se tudo e todos hoje se dignassem a gastar alguns minutos do seu dia em me fazer um pouco mais feliz.
E aqui onde tenho e posso tudo, onde tudo que avisto é SIM, apenas um NÃO é suficiente para arrancar dos meus olhos tristes lágrimas e do coração uma triste dor.
Porque é bem verdade que não se pode ter tudo. E posso parecer mal agradecida para muitos de vocês, mas é exatamente essa única falta dentro de um dia de imensidões mais me incomoda.
Me falta, e por me faltar, nem os versos e as rimas consigo fazer fluir. Faz tempo que não me fluem as ondas de poesia, nem me embriago em tardes torpes de boemia.
Me falta, e por me faltar, brisas e flores não costumam mais ter os mesmos tons.
Me falta, e nessa falta me afogo na ausência de não ter.
Porque a falta é como sentir a dor fantasma em um membro que não existe mais.
Dói, mas é uma dor sem localização material, uma dor além das dores curáveis e amenizáveis.
Não é ingratidão. Não é soberba ou falta de graça. É apenas saudade.
E dessa dor se vai morrendo enquanto se vive. Mas não se vive enquanto se morre, ou estou enganada?
Vivo ou morto estou então?

Morros e montanhas

Passo meus dias a contar as areias do tempo
Somando dias em forma de grãos, meus 23 outonos que hoje formam um pequeno monte
De onde posso avistar os caminhos de sorrisos e lágrimas que me trouxeram até cá.
Sento no meu monte e perco algumas horas a comparar meu pequeno morro aos grandes cumes a perder de vista dos arredores
Montanhas tão altas a ponto de tocar o céu.
Vejo quanto ainda falta crescer.
Quanto mais meu morro irá subir?
Ia triste assim a pensar em como pequeno ainda sou em comparação ao resto do mundo que viveu mais, cresceu mais, aprendeu mais. Fiquei olhando esses morros imensamente altos, quando algo me chamou atenção: Vi os morros tão altos, mas com cumes tão secos, sem árvores, sem flores, sem sombras para amparar o caminho.
Foi então que me orgulhei de me dar conta que em meu pequeno morro os viajantes podem achar abrigo e bonitos caminhos a percorrer.
Foram 23 outonos bem investidos afinal. São poucos os peregrinos que levam tristes recordações do meu morro. São muitos que voltam para reencontrar minhas pairagens. Foi quando aprendi de fato que o importante não está em quanto, mais em como você gasta sua vida.
“Quero a vida sempre assim, com você perto de mim, até o apagar da velha chama.”

10 de junho de 2010

Fome

Sentia frio,
aquele frio de tardes de solidão
passadas na varanda de casa
esperando o telefone tocar.

Para não morrer,
devorou o sol
com cobetura de creme e bolachas de sal
para ver se o coração ficava mais quente.

Não adiantou,
faltava um pouco de pimenta
e um chá de canela pra adoçar.

Sobre a difícil arte da comunicação

Não, não somos seres humanos comunicantes. Podemos, no máximo, nos deter em tentar a transmissão de informação mínima necessária para uma vida em sociedade, mas comunicação mesmo, essa nos é impossível. Por um simples fato: o que eu falo aqui não vai ser nunca entendido por você aí da maneira como aqui eu imaginei. Você entendeu?
As palavras nunca soam as mesmas, e o pior, os ouvidos nunca são os mesmos. Bocas e ouvidos não obtiveram ainda uma sincronia evolutiva, apesar de todos os anos de darwinismo.
Chego até a ficar abismada de como, por vezes, olhares se entendem mais que verbalizações. Cansei de ser inúmeras vezes mal compreendida por coisas ditas, ao meu ver, da forma mais clara e lógica possível. Concluo, portanto, que seres humanos não conseguem estabelecer uma comunicação verbal, e atribuo esta dita a existência de várias unidades cerebrais, não adequadamente formatadas, uma em cada cabeça, cada uma formada em uma codificação própria de interpretação.
Seria isto consequencia de nossa história de vida? De nossa aprendizagem?
Acrescento ainda que, no âmbito de descrições, é que o "circo está realmente montado".
O que eu vejo é o que você vê? As descrições têm o poder de iludir, de disfarçar o que é mais concreto. 
Vejo o exemplo claro do amor. O amor inúmeras vezes cantado, das mais diversas formas, escrito, poetizado, romantizado. O amor é puramente o amor, na forma mais simples de definição, não importa poetas, alquimistas ou filósofos comuns andem às voltas tentando minimamente defini-lo e esquadrinha-lo. Amor é amor. Puramente. Não precisa de explicação, nem revisão, nem quadros explicativos. Por que então não podemos concordar com isso então?